
Pouca gente fora do circuito sertanejo conhece seu nome, mas certamente já cantou algum de seus versos. Natural de Alcinópolis (MS), o cantor e compositor Airo Barcelos deixou um legado impressionante: mais de 250 músicas gravadas por grandes nomes do gênero. Bruno & Marrone, Edson & Hudson, Milionário & José Rico, João Bosco & Vinícius, Léo Magalhães, Grupo Tradição e Michel Teló são apenas alguns dos artistas que levaram suas composições para os palcos do Brasil.
Agora, sua cidade natal prepara uma grande homenagem. A Prefeitura de Alcinópolis vai inaugurar um memorial em memória de Airo Barcelos, espaço que reunirá lembranças, composições e registros da trajetória de um dos maiores talentos da música sertaneja.
Um talento precoce
Desde cedo, Airo se apaixonou pela música. Em Camapuã, ainda adolescente, formou dupla com o amigo Ruan, com quem lançou o primeiro CD no fim dos anos 1990. Foi nesse período que começaram a circular canções que mais tarde se tornariam hinos da música sertaneja.
Mesmo não alcançando o estrelato como intérprete, seu talento como compositor logo ganhou projeção nacional. No meio artístico, era disputado por cantores que sonhavam em gravar uma de suas letras.
Entre os sucessos, estão “Decida” (Milionário & José Rico), “A Culpa é Sua” (Léo Magalhães), “Enquanto o Inverno Não Passar” (João Bosco & Vinícius), “Ela Encasquetou” (Edson & Hudson), além do clássico “Do Brasil à Argentina”, que marcou sua carreira.
Reconhecimento
Em 2020, durante uma live solidária, a dupla João Bosco & Vinícius o definiu como “um dos maiores compositores de todos os tempos”, reconhecendo a importância de sua obra para o sertanejo moderno.
Suas músicas, muitas vezes inspiradas em experiências pessoais e carregadas de emoção, se tornaram trilha sonora da vida de milhares de brasileiros.
A despedida precoce
Airo Barcelos teve sua carreira interrompida de forma trágica. Três dias após completar 34 anos, morreu em 24 de dezembro de 2010, em Campo Grande (MS), vítima de insuficiência renal.
Pouco antes de partir, escreveu “E Agora”, canção de tom melancólico que, para muitos amigos e familiares, soava como uma premonição de sua despedida. Nos versos, falava sobre esperar no céu e ter cumprido seu papel na Terra.
Legado eterno
Além de composições eternizadas em vozes consagradas, Airo deixou quatro filhos e uma história de dedicação à música sertaneja. Seu trabalho segue vivo nos palcos, nas rádios e na memória de quem o conheceu de perto.
Com o memorial, Alcinópolis reforça o orgulho de ter sido berço de um artista que projetou Mato Grosso do Sul para o cenário musical brasileiro.
“Falar do Airo é fácil, porque ele era um gênio. Ele deixou saudade demais, mas também deixou músicas que nunca serão esquecidas”, disse o amigo e ex-parceiro de dupla Ruan, em homenagem ao compositor.
De Alcinópolis para o Brasil, Airo Barcelos mostrou que talento verdadeiro não se mede pelo tempo de vida, mas pela intensidade da arte que se deixa como herança.
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