O maior projeto de restauração dentro de uma unidade de conservação foi destaque no principal telejornal da Rede Globo de Televisão nessa quinta-feira (4). O Projeto Sementes do Taquari está sendo executado pelo Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul) e pretende restaurar 6 mil hectares dentro do Parque Estadual das Nascentes do Rio Taquari, na região Norte de Mato Grosso do Sul, abrangendo os municípios de Alcinópolis e Costa Rica.
A reportagem da Rede Globo esteve na região no final de março e o assunto ganhou relevância pela importância da iniciativa e seu objetivo principal, que é reduzir o assoreamento do rio Taquari, um dos principais tributários da bacia pantaneira que teve seu leito afetado severamente nas últimas décadas pelos sedimentos carreados a partir das partes altas. “Se fizer a recuperação sem adotar as técnicas adequadas, vai se iniciar um processo erosivo”, justificou durante a reportagem o diretor presidente do Imasul, André Borges.
“A ideia é recuperar essa vegetação para que tenha cobertura no solo, com todas as raízes protegendo, segurando esse solo, para evitar que a água da chuva leve os sedimentos para dentro do rio”, prosseguiu Borges.
O Projeto Sementes do Taquari é uma iniciativa ambiciosa e se divide em etapas distintas, com apoio de várias empresas parceiras em cada etapa. A primeira providência foi executar ações de conservação do solo que incluem terraceamentos e correção de voçorocas. No total, 29 voçorocas que comprometem aproximadamente 40 hectares estão sendo recuperadas. Equipes de campo plantaram sementes nas encostas para conter a perda de sedimentos.
A etapa seguinte consiste no reflorestamento. Só durante o Verão passado foram plantadas 70 mil mudas na área que recebeu o tratamento do solo e até o fim do ano, a previsão é que sejam plantadas mais 200 mil mudas. São espécies nativas do Cerrado como ipê, balsamo, angico, aroeira, sendo que 20% são plantas frutíferas para alimentar os animais silvestres, entre elas o baru, pequi, jenipapo, jatobá.
O Parque Estadual das Nascentes do Rio Taquari foi criado em 1999 e abrange partes dos municípios de Alcinópolis e Costa Rica, com área total de 30.618 hectares que formam um importante corredor ecológico entre o Cerrado e o Pantanal. Além do tesouro biológico que o Parque guarda, estão ali também importantes sítios arqueológicos que registram vestígios de peaberus, antigas rotas do povos originários datadas de 11 mil anos atrás e também inscrições em cavernas, pinturas rupestres e petróglifos de antigas fases da ocupação humana na região.
Prosolo
O projeto Sementes do Taquari se insere em uma iniciativa mais ampla do Governo do Estado que pretende recuperar solos degradados e impedir o surgimento e avanço de processos erosivos. O Prosolo (Plano Estadual de Manejo do Solo e da Água) foi criado em 2021 e integra o conjunto de medidas adotadas pelo Governo do Estado visando a geração de uma base metodológica para uma economia de baixo carbono em Mato Grosso do Sul, desenvolvendo e adaptando tecnologias para a redução e mitigação das emissões de gases de efeito estufa em vários setores da economia, e contribuindo para atingir os objetivos do Programa Estadual de Mudanças Climáticas (Proclima).
“O Governo tem investido recursos próprios nessas iniciativas, tanto na recuperação da área do Parque Estadual das Nascentes do Taquari, quanto em atividades de contenção de processos erosivos com terraceamento dentro de propriedades particulares, adequação de estradas vicinais e restauração da vegetação nativa nas margens visando conservar rios e nascentes”, salientou o secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc) de Mato Grosso do Sul, Jaime Verruck.
Ao criar o Prosolo o governador Eduardo Riedel colocou como ponto crítico a necessidade de um programa estrutural e de conservação do solo e da água, destacou Verruck. “Desde então estamos desenvolvendo um trabalho forte na bacia do Rio Taquari, onde já recuperamos mais de 1.200 hectares de áreas degradadas e outras mil serão recuperadas em seguida; também estamos trabalhando na bacia do rio Paraná e em Bonito criamos a Câmara de Conservação do Solo e da Água para coordenar as ações na região”, destacou.
Texto: João Prestes
Fotos: Rosana Siqueira