A possibilidade de novas nuvens de gafanhotos na Argentina preocupa o governo do país. Nesta semana, o Serviço Nacional de Saúde e Qualidade Agroalimentar (Senasa) declarou estado de alerta fitossanitário para realizar medidas preventivas de detecção e controle dos insetos.
As autoridades adotaram a medida por causa da detecção precoce dos gafanhotos nas províncias de Formosa, Salta, Santiago del Estero e Catamarca, bem como em localidades na Bolívia e no Paraguai. Segundo o Senasa, a preocupação é com as condições climáticas, que considera favoráveis ao desenvolvimento de gafanhotos.
“A declaração de alerta visa evitar situações críticas como nos anos anteriores, destacando que, até agora, não existem ondas migratórias, mas estão reunidas as condições para que isso ocorra no curto prazo. Essa é a razão pela qual é necessário agir de forma rápida e eficiente para conter a peste”, explicou o coordenador geral de Contingências e Emergências do Senasa, Héctor Medina.
Nuvens de gafanhotos
Após 60 anos sem problemas, desde 2015 houve um ressurgimento da praga na América do Sul, provocando a declaração de emergências fitossanitárias na Argentina, Bolívia, Paraguai e Brasil. Em 2020, uma nuvem com 400 milhões de insetos atravessou diversas províncias argentinas, gerando uma operação de controle aéreo e terrestre, com uso de pesticidas. No ano seguinte, a praga foi encontrada novamente no Norte do país, atacando lavouras de soja e algodão.
As nuvens de gafanhotos na Argentina geraram muita preocupação de que a praga pudesse se espalhar também no Brasil. Na segunda metade dos anos 1940, sucessivas nuvens causaram problemas na região Sul, e chegaram até São Paulo. Em 2020 e 2021, ataques de gafanhotos foram registrados em lavouras do Noroeste do Rio Grande do Sul. A incidência dos insetos foi favorecida pelo clima quente e seco causado pelo fenômeno La Niña.
Os gafanhotos são pragas migratórias com capacidade de dispersão até 150 km/dia e elevada voracidade, o que faz com que tenham um elevado impacto econômico. Um enxame pode acumular de 40 milhões a 80 milhões de gafanhotos. Segundo o Senasa, eles ainda se destroem pastos e consomem o equivalente a 2 mil vacas em um único dia.
Segundo análise do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), a produção agrícola sujeita a risco na Argentina por causa dos insetos chega a US$ 3,7 bilhões.
Por Marcelo Beledeli — Globo Rural Porto Alegre